Enya se sentiu um pouco melhor
nesta manhã. Já faziam quatro dias que Diego tinha partido com Raziel e não
tinha notícias nenhuma. Continuava alimentando de energia o boneco e se sentia
feliz, pois de alguma forma estava ajudando. Quanto mais poderoso o boneco
ficasse mais Diego ficaria.
Colocou
seu vestido amarelo de voal e arrumou bem os cabelos, deixando-os soltos e
enfeitados com pequenas flores. No espelho gostou do que viu, tinha prometido ajudar
Fanny, pois a irmã agora queria ficar cuidando dela, mas precisava fazer tudo
sozinha agora, sabia que ela também tinha tido um caso com Diego e não poderia
de forma alguma a deixar desconfiar.
Calçou as
sandálias brancas e foi ajudar Fanny na escola, pois gostava de ajudar as
crianças pequenas com o aprendizado de magia e precisava disfarçar afinal
quanto mais convincente fosse, melhor. Logo que chegou na pequena escolinha se
deparou com a irmã.
-Monopolizou
tudo agora? Fanny sorri.
Eny
entendia o que estava acontecendo. Afinal estar com Diego era quase um vício,
ele sabia o que fazia e poderia enlouquecer qualquer mulher. Não culpava Fanny
nem Diego, mas a situação era engraçada.
-Sim.
Quero que ele seja meu por um tempo. Gosto do que ele faz.
Fanny
sorri, pois, algumas memórias vem a sua cabeça.
-Mas isso
não é justo Eny.
-Desculpa
Fanny mas ficarei com ele por enquanto.
Enya lhe
dá as costas indo de encontro a um grupo de crianças de cinco e quatro anos de
idade que ao verem a princesa correm em sua direção. Enya se abaixa e quase é
derrubada por elas.
-Princesa,
princesa olhe o que eu aprendi a fazer. Fala uma das meninas.
Enya senta
e a menina fica em pé ao lado dela e estica as mãos então uma energia começa a
surgir em suas mãos e se transforma em uma pequena flor. A princesa bate
palmas.
-Que lindo
Clara. Você aprendeu bem o que ensinei.
-Princesa
faz de novo, como da outra vez.
-Está bem.
Enya se levanta e estica seus braços e começa a surgir uma energia verde em
suas mãos. Ela começa a manipular e transforma em uma bola de energia, então quando
segura a energia nas mãos ela aperta e joga para cima. A bola estoura e surgem
lindas borboletas de todas as cores.
As
crianças gritam e riem do que aconteceu e tentam pegar as borboletas. Fanny
chega perto de Eny no exato momento em que esta abaixa os braços e mal tem
tempo de segurá-la pois Eny desmaia.
-Eny
acorde.
Uma voz
muito doce a tira do transe e ela sente um cheiro muito estranho. Abre os olhos
e Fanny está na sua frente.
-O que
houve pequena?
Enya se
senta e coloca as mãos na cabeça.
-Não sei,
me senti tonta e quando percebi já estava aqui.
-Desmaiou
na verdade. Ainda bem que estava com você. Acredito que as pobres crianças não
poderiam ter ajudado. Fanny sorri. Estava particularmente linda neste dia. Seus
longos cabelos ruivos estavam soltos e cacheados, arrumados com flores brancas
bem pequenas. Usava um lindo vestido de seda azul claro.
-Nunca
passei por isso. Enya tenta levantar mas fica tonta novamente e senta.
-Acho que
Diego ficará muito feliz Eny.
-Diego?
Por quê?
Fanny a
olha com ressentimento.
-Eny o
primeiro filho de qualquer homem ou mulher é uma verdadeira benção da deusa.
-Filho? Só
então ela entende o que ela quis dizer. –Não estou grávida, não posso estar.
-Eny por
favor. Trancada com Diego dia e noite só podia dar nisso. Essa criança será a
alegria do nosso reino.
-Não estou
grávida.
-Para com
isso Enya. Fanny estava incomodada. –Conseguiu o que queria. Vai dar a Diego o
primeiro filho dele. Ela sai e bate a porta da sala.
-Acho que
alguém está com um pouco de ciúme. Francis uma das bruxas que lecionava ali
sorri. – Procure a rainha Leona, ela te dará certeza sobre isso. Mas creio que
teremos uma criança em pouco tempo.
Enya volta
para o castelo preocupada. Foi até um lago para olhar novamente seu semblante. Quanto tempo tinha passado desde que esteve com
Diego. Muito tempo. Mas com Kaibuk não tinha um mês ou seriam dois. Não poderia
estar grávida e muito menos de um homem do gelo. Sua irmã ia matá-la. Ou não.
Se estivesse mesmo grávida de Kaibuk poderia ser a solução de tudo. Iria ficar
com ele. No reino dele. Iria abdicar de seus poderes, ficar sem magia para
fazer a travessia.
A princesa
estava feliz, realmente feliz com tudo.
O quarto
do rei do gelo agora era uma verdadeira antítese. Diego ria da situação. Ele
deixou o rei sem roupa alguma coberto apenas com um fino lençol. Ele trajava
apenas seu calção longo de algodão. Raziel tinha cumprido o que falou e alterou
a temperatura do quarto deixando este muito quente.
Diego era
habilidoso e estava retirando a magia negra do rei. O veneno evaporava da pele
do rei com a temperatura e com os cânticos e feitiços que este colocava
ajudando o rei a não sentir dor.
Raziel e
Kaibuk apareciam algumas vezes, mas não conseguiam ficar no quarto. O cheiro
era terrível pois o veneno era fétido ao extremo e o calor fazia com que eles
ficassem tontos no ressinto. Mas isso não afetava Diego que estava contente e
cantava quase o tempo todo.
Já era o
sexto dia que estava ali e o rei agora mostrava claros sinais de melhora. A
ferida já tinha cicatrizado e não restava quase veneno. A magia negra é que
fazia a cura ser mais demorada.
O quarto
sempre ficava trancado pois não queriam que fosse chamada a atenção para o fato
de ter um bruxo no castelo. A porta, entretanto, neste dia quase que por mágica
se abre. Diego observa do canto do quarto a estranha figura que entra e se
aproxima do rei. Esta olha e coloca as mãos no rei, mas a sua temperatura alta
faz com que retire as mãos. Então ela pega do meio das vestes um pequeno frasco
e olha. Neste momento Diego tranca a porta com sua mente e se levanta. A
estranha figura deixa cair o frasco e se vira dando de cara com ele.
-Quem é
você? Diego fica a meio metro da figura que trajava pesadas roupas e usava um
capuz que cobria o rosto.
Não
respondendo à pergunta ele se aproxima e coloca o capuz para trás ficando
surpreso.
-Quem é
você menina?
-Sou Ana, noiva do príncipe Kaibuk.
Ele a olha
com interesse. Seu rosto era muito bonito. Seus olhos claros e grandes chamavam
a atenção. Tinha lindos cabelos também muito claros. Mas não dava para ver nada
do corpo dela o que interessou a Diego.
-E quem é
você?
-Me chamo
Diego.
Ana olha
bem pra ele e fica constrangida. Diego não usava camisa e seu corpo era muito
bonito, ela repara nos músculos do seu abdômen e no torneamento dos seus
braços. Jamais tinha visto um homem sem a camisa. Nunca imaginou que pudessem
ser tão bonitos. Mas o que mais chamou a atenção foi a pele morena dele. Uma
cor que não conhecia e que achou linda. O cabelo solto e os olhos sedutores.
Ana baixa os olhos.
-E o que
faz aqui Diego?
-Estou
aqui a pedido do príncipe para salvar seu pai.
-Entendo.
Mas nunca vi você ou alguém como você em nosso reino. Ela olha novamente para
ele e baixa os olhos.
Diego
sorri e gosta da situação.
-Sou um
bruxo do reino ao lado na verdade. Vim aqui como disse para salvar o rei.
-Isso é
muito bom. Responde Ana ainda com os olhos cabisbaixos.
-E você o
que quer aqui noiva de Kaibuk e como entrou?
-Vim ver
meu sogro na verdade, pois quero que melhore e entrei aqui pela porta que
estava aberta.
Diego olha
seriamente para ela e ri, pois, sabe que a porta estava trancada.
-Certo
devo ter esquecido de trancar.
-Está meio
quente aqui não é?
-Impressão
sua; noiva de Kaibuk. Está normal como deve ser.
Ana tira
suas luvas e passa as mãos na testa que transpirava.
-Bom deve
ter sido a surpresa de encontrar alguém estranho aqui.
-Certo.
Diego agora começa a concentrar sua energia e torna o ambiente ainda mais
quente.
-E como
está o rei. Ana vai até a cama dele e olha para seu soberano.
-Melhor
com certeza. Tenho feito um ótimo trabalho.
-Nossa,
mas está realmente quente aqui.
-Por que
não tira essa pele mais grossa. Vai se sentir melhor deixe que eu ajudo.
Ana nem
teve tempo de falar nada. Diego já estava atrás dela e com um movimento rápido
solta a cordinha que amarra a capa mais grossa que Ana usava por cima do
vestido. Era um grosso pelo de urso negro. Diego então após soltar a pele
retira de Ana de forma que passa suas mãos pelos braços dela fazendo a menina
soltar um suspiro.
Sem a
terrível pele Ana se sente melhor pois o ambiente estava realmente muito
quente. Contudo Diego continua aumentando a temperatura do local com sua
energia sem Ana perceber.
Diego se
aproxima do rei e começa a esfregar um unguento na pele do rei. Ana fica
observando o movimento das mãos dele.
-Como fez
para curá-lo da magia negra?
-Não
lembro de ter mencionado magia negra.
-Foi...Kaibuk
que me contou.
-Hum....
Certo ele deve ter mesmo contado a sua noiva. Diego ri.
-Do que
está rindo?
-Nada não.
Noiva de Kaibuk. Só achei engraçado o jeito que os deuses trabalham.
-Não temos
deuses. Só um deus na verdade.
-Sim
conheço suas crenças e você conhece as minhas.
Quer ver como curo seu rei.
-Sim.
-Então
venha mais perto que te ensino.
Ana vai até
a cama do rei e Diego se coloca atrás dela. Manda que ela coloque suas mãos no
corpo do rei e então coloca as próprias mãos nas de Ana e começa a massagear o
rei e um cântico sai de sua boca. Ana sente um calor estranho mas gosta.
As mãos
dos dois deslizam sobre o corpo do rei e Ana fecha os olhos pois gosta do que
está sentindo.
Diego
então num movimento rápido vira Ana de frente para ele. A menina nem teve tempo
de revidar suas mãos acabam tocando o abdômen dele. Ana fica rubra, mas não
retira as mãos. Diego então conduz as mãos da menina até seu pescoço. Ana fecha
os olhos. O bruxo aproxima os lábios dos dela e toca suavemente. Ele sente Ana
tremer e gosta disso.
Firmando
seus lábios nos dela, percebe que Ana jamais tinha beijado alguém. Então delicadamente
faz com ela abra a boca e então explora as delicias de um primeiro beijo. Ana
fica mole em seus braços.
Diego
rapidamente a segura em seus braços e a coloca sentada na mesa ao lado. Ana
quase não respira. Diego beija com desespero sua boa. Suas mãos muito hábeis
são um reflexo de seus lábios explorando o corpo inocente dela. Ana arfava, mas
não conseguia resistir. Diego agora beija seu pescoço e começa a descer até
seus seios então a menina o afasta em um empurrão.
-Não. Por
favor. Sou noiva.
Diego
então passa a mão nos cabelos e arruma seu calção.
-Então
tudo bem. Ele se afasta dela e volta a olhar o rei.
-Tudo bem?
Ana o olha com revolta.
-Sim,
claro. Não farei nada que não quer. Se não me quer pode sair.
-Mas não
vai insistir?
Diego ri.
-Nunca
insisto. Só pego o que me é oferecido. Se não quer pode sair.
Ana jamais
tinha sido ofendida dessa maneira. Ela junta suas roupas e vai em direção a
porta totalmente furiosa.
-Espere.
Pede Diego.
Ana para e
olha com esperança.
-Não
esqueça de levar isso noiva de Kaibuk.
Ele joga
para ela o frasquinho que deixou cair quando chegou. Ana o olha com raiva e sai
bufando ao bater à porta.